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Nota de Falecimento

Com profundo pesar comunicamos o falecimento do Prof. HILDEBRANDO DE ARAÚJO GÓES FILHO, professor aposentado do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (DRHIMA), onde foi chefe de departamento e colaborador ativo na Escola Politécnica.

Prof. Hildebrando se formou em engenharia civil pela Escola Nacional de Engenharia (atual Escola Politécnica) da UFRJ em 1962, se especializou em Barragens pela PUC-RIO, e se titulou em mestre em engenharia civil pela Coppe-UFRJ. Trabalhou na Companhia Vale do Rio Doce (1972-1991), foi presidente da CEDAE, atuando nas obras de implantação da Adutora da Baixada Fluminense e do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, e também foi presidente do Clube de Engenharia (1988-1991).

Ingressou como docente no DRHIMA em 1968. Nos seus 37 anos dedicados ao departamento, foi um professor muito querido por todos os alunos, colegas e funcionários, um verdadeiro gentleman no sentido mais profundo e puro da palavra. Sempre será lembrado com um homem culto, gentil, afável e de conduta impecável, atributos adicionais ao profissional de engenharia de alto nível e ao docente de primeira grandeza com quem tivemos o privilégio de conviver.

Inspiração para todos nós, formou gerações de engenheiros nas áreas de Planejamento Portuário, Dragagem de Sedimentos, Hidráulica da região costeira, Vias Navegáveis, dentre muitos outros.

Segue uma carta aberta do seu colega de profissão Eduardo Pacheco Jordão:

Queridos colegas do DRHIMA, nosso antigo DHS

Hildebrando foi meu colega de turma – nos formamos em 1962 na velha ENE da UB, e desde então mantivemos uma amizade e um relacionamento muito querido de ex-colegas de turma, e depois de colegas professores da nossa igualmente querida Escola.

Passou um fim-de-semana em minha casa em Itaipava, fomos juntos com as esposas a Conservatória – onde cantou e se deliciou nessa cidade cantante e alegre! Desde quando comecei a estudar italiano (na própria UFRJ)), e quando eu fui passar um tempo na Universita di Brescia como professor visitante, Hildebrando passou a me chamar simplesmente de “Giordano”. Quando me encontrava ia logo dizendo alto – Giordano ,,,

Foi um amigo de primeira linha – educadíssimo, fino, um “gentleman” – só deixou amizades nos lugares por onde passou. Não apenas amizades, mas muita admiração. Foi sempre muito sério nos seus momentos técnicos de engenheiro e professor – e quando, já com sua capacidade de liderança reconhecida, foi conduzido à presidência do Clube de Engenharia, mostrou-se um profissional dedicado a sua profissão de engenheiro, extremamente competente, e pronto a representar seus colegas em defesa e no desenvolvimento da Engenharia em nosso país.

Será que já está ensaiando no coral celestial e angelical do Paraíso ; O Céu deve estar em festa recebendo seu novo cantor (não sei se irão classificá-lo como "contralto”, “segunda voz”, “baixo”, ou “tenor”). Mas é certo que o maestro do coral celestial já está conversando com o Hildebrando e organizando um novo concerto!

Hildebrando não deixa apenas seus bons feitos técnicos, e suas atividades em defesa e desenvolvimento de nossa profissão – ele deixa saudades em cada um dos que conviveram algum tempo com ele, a lembrança de uma pessoa competente, séria, amiga, e sobretudo prestativa – com aquele sorriso simples com que nos recebia ou cumprimentava, com a sinalização de um verdadeiro amigo!

Saudades querido amigo! Organize bem o coral do Céu, sinta-se gratificado entre tantos anjos celestiais, e tenha certeza de que nós aqui estaremos lembrando sempre dos bons momentos que pudemos estar juntos.

Forte abraço,

Eduardo Pacheco Jordão

 

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WhatsApp Image 2021 10 20 at 11.10.40Nota de Falecimento

A Professora Katia Monte Chiari Dantas era uma engenheira por excelência, atuante na área desde os 17 anos, quando concluiu o curso técnico de Edificações no CEFET. Em sua vida profissional e acadêmica  sempre vestiu a camisa da UFRJ, onde se graduou e doutorou. Trabalhou e atuou por mais de três décadas    na Decania e no DRHIMA. Elaborou centenas de laudos, que foram utilizados para a manutenção e conservação dos prédios do campus. Quando Ministério Público solicitou da UFRJ um projeto de reciclagem, foi ela quem concebeu, planejou, implantou e entregou o projeto RECICLA-CT pronto e acabado.

Sempre era vista com o semblante alegre e bem disposta a ajudar a todos que a procuravam. Entusiasmada e otimista, atuou na formação profissional de alunos da graduação, muitas vezes resgatando “casos difíceis” com seu espírito sempre humano e acolhedor.

 

Falava sem aspas, abraçava sem interrogações e vivia sem ponto final, essa era a nossa querida Kátia. Partiu, como todos nós também partiremos um dia, mas deixou um grande legado, restando a certeza de que aqui cumpriu com amor e louvor aquilo a que se propôs. Foi, acima de tudo, um grande ser humano que, com toda a certeza, nos deixa saudades.

 

 

Eduardo Pacheco Jordão, Dr.Eng. *

 

            Uns chamam Engenheiro Sanitarista – outros chamam Engenheiro Sanitário.

            Tanto faz, de uma forma ou outra este engenheiro é responsável pelos serviços de engenharia de abastecimento dágua – aí incluídos a captação em um rio ou lago, o tratamento da água para torná-la potável, a adução até os reservatórios da cidade, o projeto dos próprios reservatórios dágua, e depois o sistema de distribuição da água à população, a chamada rede de distribuição. Tarefas importantíssimas, sem as quais a população e a indústria não poderiam sobreviver!

            E o que fazer com a água já usada – os rejeitos, ou o esgoto gerado ? É preciso coletar esses rejeitos de água suja, poluída, contaminada, e conduzi-los a um destino final adequado e seguro do ponto de vista ambiental e de proteção à saúde. Aí entra em cena novamente nosso Engenheiro Sanitarista, para projetar e operar os sistemas de coleta de esgotos – a chamada rede coletora de esgotos, as grandes tubulações que recebem a contribuição dessas redes coletoras – chamamos interceptores, e que conduzem esses esgotos até uma estação de tratamento de esgotos para serem tratados adequadamente, podendo então ser lançados por uma tubulação para um ponto em um rio ou eventualmente no próprio mar – o chamado destino final. Esses corpos dágua que recebem os esgotos coletados e tratados são chamados tecnicamente corpos receptores.

            Estamos vendo então que o Engenheiro Sanitarista exerce duas tarefas fundamentais à vida humana:

  • ele provê água de qualidade segura para o próprio consumo humano, sendo responsável pelo tratamento desta água bruta que transformará em potável; e
  • ele cuidará de que as chamadas águas servidas – os esgotos – sejam devolvidas ao corpo receptor em condições adequadas, de modo a não se tornar em mais um fator de poluição aos corpos dágua.

 

            No Brasil o Decreto - Lei 414/91 (de 22/10/1991) estabeleceu que o engenheiro sanitarista é um profissional habilitado para aplicar os princípios da engenharia à prevenção, ao controle e à gestão dos fatores ambientais que afetam a saúde e o bem-estar físico, mental e social do homem, bem como aos trabalhos e processos envolvidos na melhoria de qualidade do ambiente.

            Podemos nos perguntar agora: como se acha nosso país em relação ao fornecimento de água à população, e a respectiva coleta e o tratamento dos esgotos?

            Bom, em relação ao abastecimento de água estamos em uma posição razoável: o Brasil tem praticamente 84% da população urbana atendida por serviços de abastecimento de água (segundo dados coletados em 2019, Ministério do Desenvolvimento Regional).

            O mesmo não é, no entanto, verdade para o caso do esgotamento sanitário: apenas cerca de 54% da população urbana é atendida por redes coletoras de esgoto, e destas apenas 49% dos esgotos chegam a ser tratados, o que faz com que o grau de tratamento de esgotos nas cidades seja limitado a cerca de apenas 27% da população urbana (dados coletados em 2019, MDR). Uma vergonha

            O engenheiro sanitarista também se preocupa com as questões de poluição atmosférica e poluição sonora. Foi uma ação do saneamento que proibiu, há alguns anos atrás, os incineradores prediais de lixo no Rio de Janeiro, que eram usuais nos prédios de apartamentos e que causavam uma enorme poluição do ar na cidade!

            Os engenheiros sanitaristas se agregam em uma associação muito atuante – a ABES, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (www.abes-dn.org.br), com cerca de 5 mil associados, que oferece um congresso brasileiro bi-anual, em diferentes cidades do país (o próximo congresso será em Curitiba, de 17 a 21 de outubro) – muitos de nossos alunos costumam participar, quando possível, através do programa JPS – Jovens Profissionais do Saneamento, da ABES.

            Por fim, tendo em conta as atribuições do engenheiro sanitarista, pode-se até dizer que ele chega a fazer um trabalho de “medicina preventiva” – pois está certamente oferecendo melhores condições de vida saudável a nossa população. Que os médicos não nos ouçam ...

 

(*)Eduardo Pacheco Jordão é professor associado do DRHIMA, já aposentado, mas presente em cursos de extensão, pós-graduação, e palestras organizadas pelo Departamento.

Segundo o governo federal, o Brasil está diante da maior crise hídrica em quase um século, o que pode ter efeitos sobre a geração e distribuição de energia. Para explicar as causas, consequências e possíveis soluções para o problema, a Sputnik Brasil conversou com uma pesquisadora do setor.

Os reservatórios de hidrelétricas no Brasil registram baixo volume de água, em razão da incidência de chuvas abaixo do esperado. No início de maio, em entrevista ao site Poder360, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, classificou a situação como a maior crise hídrica desde 1931 e sinalizou que todas as termelétricas brasileiras serão acionadas, tendo em vista que o país entrou no período seco - com menos chuvas - que deve durar até novembro. As mais de cem termelétricas no Brasil utilizam óleo, carvão, gás natural e biomassa para gerar energia e costumam ser utilizadas para compensar demandas não atendidas pelas hidrelétricas.

Albuquerque afirmou ainda que os níveis dos reservatórios preocupam desde outubro do ano passado e que o uso das termelétricas já ocorria ao longo desse período para preservar os níveis de água. Além disso, usinas com gás importado da Argentina e Uruguai também foram acionadas. Ainda segundo o ministério, o risco de racionamento foi afastado pelas medidas, apesar de que a conta de luz das famílias deve aumentar devido ao acionamento das termelétricas.

O atual volume útil de reservatórios nas regiões Sudeste e Centro-Oeste é pior que os índices de maio de 2015, ano em que uma crise semelhante ocorreu, conforme dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Esses mesmos dados são os que apontam que o período entre setembro de 2020 e abril de 2021 foi o de menor incidência de chuvas nas regiões onde estão as hidrelétricas desde 1931, quando essas informações começaram a ser colhidas. 

Diante da crise hídrica, que pode gerar problemas de energia no Brasil, o governo brasileiro montou uma sala de situação para monitorar o problema. A primeira reunião do grupo ocorreu na quinta-feira (13). A sala de situação pretende desenhar um plano de ação para reduzir a vazão nos reservatórios e evitar que o Brasil passe a racionar energia em meio à pandemia da COVID-19.

Risco de racionamento

Para Heloísa Firmo, engenheira civil do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apesar das medidas do governo, há um risco real de a atual crise levar a situações de racionamento de energia no Brasil.

"Há risco de racionamento de energia no Brasil, sim. Hoje em dia, por conta dos últimos anos, a gente no Brasil tem tido muita restrição quanto a reservatórios de regularização. E o que é regularizar? É tornar regular. E para tornar regular a vazão de um rio é necessário um reservatório. Com o passar dos anos, nos últimos dez, 20 anos a gente passou a construir reservatórios, usinas, como a gente chama, a fio d'água, com reservatório muito pequeno ou praticamente sem reservatório", explica a pesquisadora em entrevista à Sputnik Brasil.

Conforme detalha a professora, com esses tipos de reservatórios, o Brasil tem uma capacidade reduzida de resistir a um período sem chuvas, de quatro a cinco meses, sendo que essa capacidade chegou a ser de até três anos.

"Com o passar dos anos o aumento do número de usinas a fio d'água, em detrimento de usinas com grandes reservatórios, fez com que o sistema elétrico ficasse mais vulnerável. Então, eu diria que há risco, sim, de racionamento de energia no Brasil, de falta de energia", reforça.

Firmo aponta que o termo mais correto para o risco oferecido pela situação atual seria não de um racionamento, mas de uma racionalização, com cortes programados e pontuais. Mesmo assim, a professora da UFRJ salienta que uma eventual recuperação econômica no Brasil pode agravar o cenário.

"Qualquer retomada na economia vai gerar um aumento na demanda de energia. E aí, sim, acho que o risco de racionamento começa a aparecer mais. Porque, por enquanto, a economia está ainda bastante retraída por conta da pandemia da COVID-19", explica a professora, que lembra ainda que a crise hídrica pode se estender a outros setores para além do energético, como no agronegócio e no abastecimento das famílias.

 

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22 de março, dia da Água

Da Yu e a gestão da água.

Hoje é o Dia Mundial da Água. Estabelecido pela ONU em 1992, a data tem por objetivo ampliar a discussão sobre tema tão relevante para o ser humano. Estando presente em 70% do planeta assim como em 70 % do corpo humano, a água é fundamental para a boa saúde, mas se não for bem tratada, pode ser um veículo de doenças.

Apesar de ser responsável pelo surgimento da vida na Terra, a água não tem recebido de nós os cuidados que merece. Essencial à vida, a água é fundamental para a agricultura e outros processos produtivos, além de ter inúmeras aplicações em atividades tais como a geração de energia, diluição de poluentes, transporte e resfriamento. De fato, dependemos dela para viver e para preservar a vida e o meio ambiente.

Na história da humanidade, apenas alguns foram capazes de compreender suas peculiaridades e propor soluções realmente abrangentes para abordar a complexidade dos problemas em que é elemento principal. Mal distribuída pelo planeta tanto temporal como espacialmente, é ainda mais desigual em termos de densidade populacional. Elevadas concentrações humanas se encontram em regiões onde a água é mais escassa, enquanto que onde é abundante, a densidade populacional pode ser muito baixa. Injusta parece ser também a absorção dos danos ambientais no planeta. Países predominantemente agrícolas sofrem maiores impactos ambientais hídricos quando comparados às nações industrializadas, porque na agroindústria seu uso é muito intenso (em torno de 70% do uso consuntivo das águas doces é para agricultura e está associado à poluição hídrica decorrente do uso de pesticidas).

Nosso sistema alimentar foi moldado nas últimas décadas pelo paradigma dos "alimentos mais baratos" (1). Políticas e estruturas econômicas têm como objetivo produzir cada vez mais alimentos a custo mais baixo visando preservar a lucratividade. A intensificação da produção agrícola em grande escala degrada solos e ecossistemas. O consumo global crescente de calorias mais baratas e alimentos com uso intensivo de recursos agrava essas pressões. A produção atual de alimentos depende muito do uso de insumos, tais como fertilizantes, pesticidas, energia, terra e água. Em relatório de 2021, Chatham House (1) explora o papel do sistema alimentar global como o principal impulsionador da perda acelerada de biodiversidade global. Nesse documento são apresentados os desafios e compensações envolvidos no redesenho dos sistemas alimentares com o propósito de restaurar a biodiversidade e/ou prevenir a sua perda, além de recomendações para ação.

A concentração populacional nas cidades é outro fator que muito contribui para o agravamento da difícil gestão da água. Segundo relatório recente das Nações Unidas (2), cerca de 60 por cento da população mundial em 2030 será de moradores urbanos, número que atingirá aproximadamente 68 por cento em 2050. Esse rápido crescimento é impulsionado pela busca por oportunidades econômicas, bem como migração decorrente de conflitos, insegurança, mudanças climáticas, desastres naturais e degradação ambiental. A rápida urbanização aumenta ainda mais a demanda por água, saneamento e higiene, fazendo crescer a pressão por serviços já precários de saneamento.

Embora seja óbvio que não se possa reunir toda a água doce do planeta em um único reservatório, é necessário que haja uma gestão cooperativa em termos globais. Ainda que as bacias hidrográficas sejam essencialmente locais, o comércio internacional permitiu e intensificou o conceito de “água virtual”, que ajuda a perceber como os recursos hídricos de um país são usados para viabilizar o consumo em outro país (3).

Enquanto as nações trabalham para garantir alimentos, água, energia e outros insumos essenciais para o bem-estar de seus habitantes, a maioria dos países depende de importações, bem como de exportações de bens e serviços para subsistência e desenvolvimento. A autossuficiência de um país pode ser alcançada pela produção de bens dentro de suas fronteiras, mas também pela redução da carga sobre seus recursos naturais importando produtos que exijam em sua produção o uso intensivo de água. Ou pode escolher a segurança energética – usando, por exemplo, seus recursos naturais para gerar eletricidade — em troca da segurança alimentar, ou seja, abrir mão da produção de alimentos. Os conceitos de pegada hídrica e água virtual permitem compreender melhor essas escolhas, além de exemplificarem as interdependências entre as economias e os recursos naturais dos diversos países (3).

A necessidade de compreensão da complexidade da gestão da água é muito importante e já estava presente há muito tempo na história da humanidade, como demonstra o exemplo a seguir, no qual uma solução robusta necessitou de muito tempo, colaboração e diálogo.

Na China doo século 21 A.C, o funcionário Gun foi designado pelo imperador Yao para domar as enchentes catastróficas do rio Amarelo (4). Durante anos, Gun construiu barragens de terra por todo o império na esperança de conter as águas. Contudo, durante uma enchente maior do que o usual, as barragens não resistiram e colapsaram, tornando o projeto de Gun um total fracasso. Por essa razão foi condenado à morte pelo imperador Shun, sucessor de Yao. O projeto foi então entregue a Yu, filho de Gun. Yu, como herdeiro de seu pai nos esforços do controle da inundação, arquitetou com dois funcionários e um grande grupo de trabalhadores, uma solução diferente. Em vez de mais barragens, traçou um plano que implicava não apenas em um sofisticado projeto de engenharia, mas num desafio diplomático audacioso. Assim, Yu precisava convencer centenas de clãs rivais que habitavam as margens do Rio Amarelo e que compartilhavam uma história de séculos de hostilidade mútua, de que se beneficiariam com o projeto, que abriria novos canais fluviais para o escoamento das águas torrenciais e alimentaria numerosos canais de irrigação. Essa era a única forma de o projeto de Yu ter sucesso. Após mais de 13 anos de dedicação e negociação, o êxito do projeto conferiu a Yu o título de Da Yu, ou seja, Yu, o Grande.

No século de Yu, não havia as facilidades de comunicação nem o conhecimento de que dispomos hoje. De fato, no século 21 D.C., usufruímos de um desenvolvimento tecnológico impressionante, mas ainda parecemos pouco sábios no que diz respeito a resolver nossos problemas ambientais. A história de Yu, o Grande, embora muito antiga, evidencia um ensinamento que é, talvez, ainda mais atual. Não são apenas grandes obras e atitudes economicamente competitivas que irão atenuar questões relativas a recursos hídricos. Será necessário muito tempo, além de muita dedicação e cooperação entre as nações para alcançar uma gestão adequada e sustentável.

Nesse Dia Mundial da Água de 2021, ainda temos muito a aprender com a história de Yu e outras tantas. Finalizando, convido a todos para participarem de evento comemorativo da Semana da Água, promovido pela ABRHidro - Associação Brasileira de Recursos Hídricos, cuja programação pode ser acessada em:

https://drive.google.com/file/d/1GklOnAWV4Ecb94PZcF9zyLotxG2IeRCH/view

Saudações hídricas,

Heloisa Teixeira Firmo. 

 

Referências:

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